Um homem nasce quando sai do ventre. Entra invisível e só parte quando está pronto. E perde o cordão. E chora. E é embrulhado e banhado e cuidado. E mama. E chora mais. O homem só nasce quando sai do corpo do qual não se aparta após o parto. O qual parte e perdoa. O qual para, às vezes, de respirar.
E o nosso amor é esse homem que não se sente pronto. Que está dentro de mim, que se alimenta de mim; foge de mim. Que me engole e não sai e não sai e não sai! Que não é rebento, que me arrebenta, que me parte em putas que eu não sou. Que parte. Que me chuta e se mexe e se vira de ponta cabeça. E parte. Esse amor que não vive porque não é nascido e não morre porque ainda não nasceu. Que vem ter comigo, que ventre o umbigo, que vem ti o contigo, que ventre comido!
Que entra invisível e só parte quando está ponto... final.
4 comentários:
Own *---*
E quem diria que muitos desse "fetos" não merecem nada disso? Tão poético quando lido, tão triste quando vivido!
Forte, hein? O que mais me impressiona é a sonoridade. Dá pra imaginar a personagem em um monólogo. Me lembra a Joana da peça "Gota d'Água".
"Esse amor que não vive porque não é nascido e não morre porque ainda não nasceu"
Lê, seus textos são sempre incríveis!!!
Tenho certeza que muitos passam aqui e não comentam por ficarem sem palavras diante de suas palavras, então... NUNCA desanime de escrever e postar!!!
Te amooo muuuito!!! Um amor que já nasceu, já deu seus primeiros passos, até já tomou seu primeiro porre, mas que ainda tem muitas etapas para viver e desejo que passe por elas vitorioso!!!
Beijoss
Muito SUCESSO para vc SEMPRE!
Odair Jr
"Esse amor que não vive porque não é nascido e não morre porque ainda não nasceu"
Direto da alma hein amiga???
Da sua, da minha.. da nossa!!!
Belo texto, como todos que vc escreve!!!
amO*... =D
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