segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sou deste, nordeste. Sou peste, sou Zé.

- O caminhão de goiaba passou por aqui?
- E o de cebola.
E enquanto um Zé descascava o trem, o outro contava o que havia visto. Um sole ardeno, bege sem fim: bem-vindo à senzala do mundo. Das veiz, em algum lugar, seus cucuruto pensava isso mesmo... "senzala". Oi tum. Mas era mutcho profundio, como se pode dizê. Como si pode pensá? Cabras e cobras e cactos e calangos e caatingas e colagens e castigos. A pobreza é linda, Zé. Pecado di falá. E povos e paus de arara e coronéis. E contos e cordéis. E verdes e pastéis. Escadas branca pa mode nóis dispecá. Padim Ciço pa mode nóis rezá. Oi tum tum.
Mas que, no fundo, a gente, aqui embaixo do mapa, quer acreditar que é mais feliz. E que a seca está na língua de quem diz e não canta; diz e não dança; diz e não balança a alma dentro de um baião. Que com seus lombos queimados, seu filhos mortos, seus pés descalços e cocos quentes, não se faz carpediar. Mas isso, branquelo meu, é o que tu qué acreditá.
Pedaço de ouro não enche barriga, mas sanfona véia enche coração. Oi tum tum tum.
- Tá chorano, Zé?
- Foi não, é a cebola que faiz eu lacrimejá.
Oi tum.

Nenhum comentário: