segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O cofre e a churrasqueira

Dia seguinte madruguei. Primeiro dia de trabalho. No caminho fiz amizade com a dona moça Sofia, que foi me falando os nome dos bicho grande que a gente passava por debaixo. No maior deles, ela falô bem meiguinha, apontando o dedo gordo pro monstro: “Esse aqui é o viaduto Ayrton Senna”. “Eita porra”, pensei. Acho que eles faiz daquele tamanho pra nóis oiá pra cima e não botá reparo em quem mora debaixo. “Seu Ayrto num deve de tá feliz com isso não”.
Dispois ela me mostrô umas igreja bunita que só. Aqui é catedral que fala, né Zé? E, de repente, uma porrada desses tal de ministério foi aparecendo tudo infilerado. Deixou o memoriar JK pra trais. Fiquei abestado de ver tanta construção à toa, mas o que me intrigô mesm foi os ministério da educação, do trabalho e da justiça. “Mas e os rapaiz do seu Ayrto?”. Achei mió ficá queto.
Chegando perto das torre com as bacia virada, esqueci que me fartava um dente e arreganhei a boca. Só tinha visto em foto. Dona moça desceu. Achei engraçado que não tinha fila pa entrá na câmara não. Aliás, Zé, num tinha ninguém lá, só os guardinha pa guardá sei lá o que. Tudo o dinheiro tava bem longe dali já, né?
Foi quando entrei na ponte JK que me dei conta que meu ponto tinha passado uns 15 minuto. Disisperei, Zé. Mas aquele trem era tão bonito que perdi o ponto traveiz. Fui parar notra asa. Perdi o emprego. Na vorta tinha um tar de “Museu Vivo da Memória Candanga”, acho que é isso. Achei que era calango, mas era isso mesm. “Eita porra... museu vivo?”. Otro dia eu entro aí, se num tivé que pagá tamém. Quer dizer... deixa pra lá, vai.
No acostamento da rodovia – que agora nóis já sabe que é corpo de avião – tinha um caminhão vendendo cofre. Desci no ponto mais perto. O vendedor me garantiu que era cofre do bão, que tinha muita saída. Disconfiei, o trem tava cheio de cofre, uai! Do lado do caminhão tinha umas churrasqueira tamém. “Por que cofre e churrasqueira, seu moço?” Pra que tinha muito dinheiro pa guardá no cofre já levava a churrasqueira pa comemorá, né? Mas ele discunversô. Perguntei se num pudia trabaiá eu mais ele ali, qualqué mixaria tava bão. “Se tu comprar uma mercadoria minha, tá feito”. Não entendi o negócio, mas aceitei. Vida de vendedô deve de ser mió que de pedrero, né?
Só que daí complicou, Zé. Na pensão num pudia armá churrasco não. Daí eu comprei o cofre. O patrão mandô entregar. Parcelei em 24x discontano do meu salário mínimo. Agora tô oiano presse trem aqui no meu quartim apertado. Mas me ajuda, Zé... será que se eu jogá uma lenha e ponhá fogo dendesse bicho dá pra assá uma pizza?

6 comentários:

Samuel disse...

Primeiro> adoro quando vc escreve com esse linguajar, fica ainda mais literato. Pareceu que seu "eu-lírico" transcente.
Segundo> vou parar com esse papo de letreiro.
Terceiro> chegou em brasília e tá mais engajada com as questões sociais, hein?! Daqui a pouco vc escreve artigos pro meu blog tbm!

Beijos, Le!! Volta logo!

clinica disse...

Peraii..voce esta em Brasilia?!?!?!?
que chique!!
Adorei o texto....é um mineiro???

Flores, laetitia disse...

Clínica Ortopédica, menina? HAWIEHRAWIRIWAHRIHWA

me caguei de rir aqui!

Tyler Bazz disse...

Meeeeeu! Muito bom!!!!!!!

Anônimo disse...

ao contrario do Samuel, eu ODEIO aaheouhaeouae eu demoro 3x mais pra conseguir ler, e 4x mais pra conseguir entender, e 5x mais pra juntar td e compreender o texto :/
mas te amo meesmo assim... saudadessss... Aguardando.. x) te amo sempre ;*****

Gah P. disse...

hduashduadhaudhasudhausdha
geeeente, que bafoo..eu nao percebi que estava no e-mailda clinica