Um homem nasce quando sai do ventre. Entra invisível e só parte quando está pronto. E perde o cordão. E chora. E é embrulhado e banhado e cuidado. E mama. E chora mais. O homem só nasce quando sai do corpo do qual não se aparta após o parto. O qual parte e perdoa. O qual para, às vezes, de respirar.
E o nosso amor é esse homem que não se sente pronto. Que está dentro de mim, que se alimenta de mim; foge de mim. Que me engole e não sai e não sai e não sai! Que não é rebento, que me arrebenta, que me parte em putas que eu não sou. Que parte. Que me chuta e se mexe e se vira de ponta cabeça. E parte. Esse amor que não vive porque não é nascido e não morre porque ainda não nasceu. Que vem ter comigo, que ventre o umbigo, que vem ti o contigo, que ventre comido!
Que entra invisível e só parte quando está ponto... final.