Nasceu uma vez Eloara, que não sabia chorar. Sorrira aos pés de laranja, à sombra, ao sol, à mãe, ao leite e às tetas da empregada da casa. Sorria. Eloara chorar não sabia. Trouxera um defeito irreparável, que só os deuses do Olimpo poderiam julgá-lo defeito. Para nós era efeito. Era vida.
Dia desses, explodiu em sangue; tossia. Escreveu, até seu último dia, um verso do que sentia. Foi quase um ano de dias.
Um dia morreu Eloara, seca de águas salgadas, cheia de sangue nas veias. A empregada juntou-a entre as tetas, aos prantos. Sem saber o que fazer do pequeno corpo, jogou-o no mar.
Desta vez nasceu Eloara, que não sabia sorrir.
3 comentários:
Cada vez melhores seus textos! Esse além de lindo é denso. Parabéns viu, lê!
Ju Canfild
Caralho, que lindo. Que lindo!
Nossa. De verdade.
Que bonito,todo o sentido metafórico que se enxerga (eu enxerguei,ok?) é ótimo e colabora muito pro desfecho maravilhoso,enfim,bela.
abraço !
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