Deveria ser só um desabafo, mas a poetância de Sofia foi tomando proporções tais, até que se explodisse em um silêncio ensurdecedor. As estações aborboletavam-se em seu estômago: de trem, de ano, de luz. E um carnaval de lágrimas fazia festa sobre suas bochechas gordas:
- Veja, Jurema...
(...)
(..)
(.)
sentimos saudade, aos 13 anos, quando toda a nossa dor era um joelho esfolado. E, aos 15, da recuperação da escola. E aos 20 de quando, aos seis, deveríamos ter sido crianças. E emqualquer data quando o que nos preocupava era apenas o dinheiro. E um dia desses quando se perde o que não se tem.
Jurema, meio sem graça, olhou piedosamente para cada pedaço de Sofia ali, entregue a seus cuidados, respirou fundo tanto quanto pôde e:
latiu – ela também não tinha pai.